Como mencionámos no nosso artigo sobre as 11 Dicas para a sua primeira viagem a Budapeste, uma das práticas das quais mais somos apologistas quando viajamos, é de caminhar pela cidade, recorrendo aos transportes públicos quando não temos mais nenhuma alternativa.
Isto justifica-se pelo facto de acabarmos sempre por descobrir hidden gems espalhadas pelas cidades, que muitas vezes só os locais conhecem e nem sempre são partilhadas com os turistas. E Budapeste não foi exceção.
Naturalmente que, se for a sua primeira vez na cidade, quererá visitar primeiro todos os pontos de referência importantes, no entanto se como nós está a passar alguns dias na cidade (no nosso caso foram 3 dias e também foi a nossa primeira vez em Budapeste), deixamos aqui 8 hidden gems que descobrimos ao longo das nossas caminhadas, para que possam também encontrá-las.
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Castelo Vajdahunyad
Apesar da sua posição privilegiada no Parque da Cidade, junto às famosas Termas de Széchenyi, o Castelo Vajdahunyad continua a ser um tesouro escondido para a maioria dos turistas, o que acaba por ser surpreendente devido a ser um dos castelos mais bonitos de Budapeste.
A fusão da sua arquitectura gótico-renascentista, cria um cenário misterioso como se este tivesse acabado de sair de uma cena de contos de fadas. Ironicamente a lenda do castelo diz que o Conde Drácula já foi aprisionado ali!
A entrada no seu recinto é gratuita, por isso, mesmo que não pretenda visitar o seu interior, vale a pena dar um passeio pelos seus românticos pátios.
Na nossa opinião, quando fomos consultar o preço de entrada no castelo, percebemos que basicamente teríamos acesso a um museu onde poderíamos encontrar artefactos e outros objetos antigos, por isso achámos que não valia a pena. No entanto, caso pretenda visitá-lo a entrada para adultos é 2500 HUF (~6,5€).
Teleférico Zugliget
O Teleférico Zugliget, tornou-se no primeiro da Hungria, sendo um dos mais populares pontos turísticos da capital, considerado pelos locais um meio de transporte, desde 1970, para as colinas de Buda, transportando passageiros entre Zugliget e a estrada até Erzsébet Lookout Tower
O percurso efetuado é de 1.040 metros e leva cerca de 12 minutos até chegar a cada um dos lados. Oferecendo, as 102 carruagens de dois lugares, vistas panorâmicas deslumbrantes sobre a cidade.
Um bilhete de ida custa 1200 HUF (~ 3,20€) e um bilhete de ida e volta custa 1600 HUF (~ 4,20€). Na altura em que visitámos Budapeste (Outubro 2023), eram apenas realizadas viagens à quarta-feira. Mais tarde viemos a descobrir que este passeio de teleférico apenas se encontra disponível na época do verão, encerrando no inverno.
Para chegar até ao teleférico através de transportes públicos, deve apanhar o autocarro 291 na Estação Nyugati até à última paragem. Caso adquira o Budapeste Card, obtém uso ilimitado nos transportes públicos, para além de outro benefícios.
Igreja da Caverna
Descobrimos esta Igreja, enquanto caminhávamos ao lado do Rio Danúbio, a caminho do Mercado Central de Budapeste. Ao deparámo-nos com este edifício inserido dentro de uma colina, ficámos incrédulos com a sua beleza e charme. Constatando que se tratava de uma igreja-caverna incomum embutida na Colina Gellert, que terá sido construída em 1929, por Monges Paulinos.
Pelo que entendemos, esta igreja já teve vários propósitos ao longo dos anos, tendo até sido utilizado como hospital de campanha para o exército nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a sua principal utilização foi como convento e Igreja até 1951, ano em que a Polícia Secreta Soviética a invadiu, sequestrando os sacerdotes e destruindo o seu interior. Mas não ficou por aí, em 1960, o Regime Soviético decidiu fechar a entrada da igreja com cimento, ficando a mesma encerrada até 1989, ano em que se deu o fim do Regime Soviético.
Graças à sua localização única, ficando inserida dentro de uma caverna natural, a Igreja da Caverna é única. E apesar de não ter uma decoração grandiosa como outras obras arquitectónicas de Budapeste, o seu charme único faz com que valha a pena a visita.
Por uma doação de 500 HUF (~ 1,30€), é possível entrar na igreja, incluindo já a mesma uma tour de áudio.
Szimpla Kert
Szimpla Kert é um conjunto de bares situados nas ruínas de um edifício abandonado após a Segunda Guerra Mundial em Budapeste, sendo utilizado como bar de noite e como centro cultural/artístico durante o dia.
Inaugurado em 2001, é famoso pela sua decoração alucinante e criativa. Repleto de móveis antigos, paredes decoradas pelos artistas locais, grafitis e rabisco que vão sendo deixados pelos visitantes. Desde bicicletas, bolas de discoteca, cabeças de bonecas, até peluches gigantes em forma de peixe, há objetos inéditos em todo o lado.
Podem encontrar este local no Distrito VII, também conhecido como “Bairro Judeu”. Ao entrarmos, foi possível andarmos livremente por todo o edifício, onde subimos ao primeiro andar onde descobrimos ainda mais salas decoradas no mesmo estilo eclético. Do lado de fora, há uma tela gigante onde os filmes são projetados e, todos os domingos, há comida e música ao vivo.
O álcool é relativamente barato se se limitar às marcas locais como a Szimpla Unio, mas os preços talvez sejam um pouco mais caros se optar por beber cervejas locais.
Arte de rua
Em contraste com a grandiosa e elegante arquitetura encontrada pela cidade de Budapeste, existe um lado mais ousado, onde prevalece a arte de rua, sentindo-nos como se estivéssemos numa galeria de arte ao ar livre. São inúmeros os murais que encontrámos pelas ruas da cidade, sendo impossível ignorar as fachadas dos edifícios.
O Bairro Judeu, é mais uma vez o local onde mais murais se podem encontrar como o “Cubo de Rubik”, uma notável obra de arte que utiliza a ilusão ótica em 3D, fazendo parece real o que se vê na parede; o “Anjo de Budapeste”, onde é retratado Angel Sanz Briz, que salvou mais de 5.000 judeus húngaros durante o Holocausto; a colorida porta pintada pelo artista de rua húngaro Void, que cria rostos abstratos e muitas outras peças que transmitem um contexto social ou político, com referências culturais locais e significados ocultos.
Também, pelas ruas de Budapeste é possível encontrarem-se várias estátuas de bronze e esculturas que decoram a cidade e contam histórias e acontecimentos que ocorreram ao longo dos anos. Algumas delas são:
Os Sapatos às margens do Danúbio: Esta é a escultura mais famosa e importante de Budapeste pela mensagem que carrega. São cerca de 60 pares de sapatos de mulher, homem e criança, produzidos em ferro fundido que representam as milhares de pessoas que foram assassinadas, durante o Holocausto, no Rio Danúbio. Após retirarem os sapatos eram fuziladas e jogadas diretamente para o Rio Danúbio.
Localização | 47.504028839644214, 19.044758582626258 |
Estátua do Polícia Gordo: Dizem que este era um homem que amava comida e mulheres, simbolizando a sua barriga redonda a comida húngara. A tradição de quem por ali passa é de esfregar a barriga do polícia, dizendo que traz sorte principalmente no que diz respeito ao amor.
Localização | 47.50075547273541, 19.05086893845031 |
Estátua da Princesinha: é uma obra do premiado artista László Marton, que se baseou na imagem da sua filha, quando na altura tinha cinco anos e se encontrava a brincar no parque vestida de princesa.
Localização | 47.49602835510689, 19.048127111461085 |
É também possível encontrarem-se mini-estátuas por toda a cidade, realizadas pelo escultor Mihály Kolodko:
O Esquilo Morto: Na rua Falk Miksa é possível encontrar um esquilo assassinado, cujo corpo de encontra delineado por giz e a mão segurando uma arma.
Localização | 47.512775002035504, 19.049255563021948 |
O Sapo Berki: Na praça da Liberdade, perto do Parlamento é possível encontrar o Sapo Kermit, que simboliza o facto de as pernas de rã, no final do século XIX, serem consideradas uma iguaria húngara.
Localização | 47.503939649220186, 19.05084217243942 |
Főkukac: Antigamente na Hungria existia uma série televisiva chamada “O Grande Pescador Ho-Ho”, que retratava a história de um pescador com a sua isca que só fazia idiotices. A lenda diz que, se um pescador esfregar o nariz de Főkukac terá sorte.
Localização | 47.50276688658841, 19.040445897582305 |
Mini tanque: A maioria das esculturas de Kolodko carregam mensagens poderosas, como é o caso do Mini Tanque, que podemos encontrar à margem do rio Danúbio. Este tanque simboliza a revolução da Hungria em 1956, sendo possível ler-se na parte lateral do mesmo “Ruszkik Haza!”, o que significa “Russo, vai para casa!”. Este, encontra-se voltado para o Parlamento de Budapeste com o seu cano virado para baixo, significando o fim da revolução.
Localização | 47.50538479449061, 19.040378233802016 |
Existem muitas mais estátuas e mini-estátuas, descubra aqui as restantes.
For Sale Pub
Deparámo-nos com o For Sale Pub, após a nossa visita ao Mercado Municipal de Budapeste. Achámos curioso este nome, como se o espaço tivesse realmente disponível para venda, mas não é essa a situação.
Percebemos rapidamente que não se tratava de um pub à venda, apesar das palavras no topo da fachada em forma de arco, afirmarem isso mesmo. Ao entrarmos existem pequenas folhas pregadas em todo o interior do edifício.
Agora o nome fazia mais sentido! Não era o Pub que estava à venda, o nome devesse ao facto de qualquer cliente que ali entre, poder vender aquilo que quiser. Basta pegar num pedaço de papel, cedido pelo espaço, e afixar um anúncio na parede (boa sorte, em encontrar espaço!).
Para quem, não tem nada a anunciar, pode simplesmente aproveitar e deixar uma frase, um poema, anotações, autocolantes, desenhos, cartões de visita ou até mesmo fotos como lembranças em forma de papel de quem já passou pelo For Sale Pub.
Apesar do nome confuso, o estabelecimento é bastante acolhedor, atraindo muitas visitas devido ao seu peculiar interior. Para além de boas bebidas, o espaço oferece ainda uma extraordinária seleção de culinária húngara, que nos fez deliciar!
Quem ali passa, tem ainda direito a amendoins gratuitos e as cascas usadas devem ser descartadas directamente para o chão, que é coberto de palha.
É inegável que este se trata de um dos bares mais exclusivos de Budapeste, onde fomos super bem atendidos, bebemos boa cerveja húngara e comemos umas especialidades da casa divinais. Simplesmente, adorámos a experiência!
Karaván – Comida de rua
Em Budapeste, qualquer amante de comida, ficará rendido aos sabores e pratos da gastronomia húngara, particularmente quando se trata de comida de rua.
A Karavan, é um local onde se reúnem diversas roulotes de comida de rua, situada no Bairro Judeu, ao lado do Szimpla Kert. Quer se trate de uma refeição às 3 da manhã depois de uma saída à noite ou de almoço ou jantar barato, aqui não ficará desapontado com a comida oferecida, sendo possível encontrar uma grande variedade de cozinhas do mundo, como a cozinha italiana, mexicana, indiana e, claro húngara. Os pratos favoritos dos habitantes locais são:
O “Langós”, com a sua massa achatada, frita e crocante, que pode ter muitas variações, desde a clássica com molho de alho, queijo e creme de leite, até à porção completa onde se embalam no pão pratos tradicionais como a Paprikash de Frango. Para além disso, quem preferir pode encontrar algumas opões doces com coberturas de Nutella ou Marmelada.
O “Kürtőskalács”, é um bolo em forma de chaminé cuja massa doce é assada em carvão, até que a cobertura fique castanha-dourada e o açúcar por cima caramelizado. Para além de canela, também pode ser coberto com baunilha, cacau ou nozes. De forma a re-imaginar os sabores originais, alguns comerciantes de kürtőskalács em Budapeste criaram variações especiais ao encherem a casquinha com gelado, fruta e chocolates de todo o tipo (Oreo, Mars, Snickers, etc.). São mais de 20 as alternativas à escolha.
O “KOLBice”, a versão húngara do cachorro-quente que mistura sabores tradicionais com um visual moderno. Este prato à base de salsicha servido numa massa recém-assada com vários molhos e coberturas é definitivamente uma experiência obrigatória em Budapeste.
Casa da Música
O último lugar secreto de Budapeste, que queremos partilhar com vocês fica localizado no interior do Parque Városliget, considerado o principal parque da cidade. Já o referimos em artigos anteriores, pois é aqui onde se localizam as piscinas termais de Széchenyi e o fantástico Castelo Vajdahunyad.
Para além destes dois sítios, neste parque é possível encontrar ainda a “Casa da Música Húngara”. Um edifício fantástico que combina perfeitamente com a natureza que o rodeia, sendo quase como uma continuação do próprio parque.
A sua construção teve início em 2017 e ficou finalizada em 2022. A entrada é gratuita, sendo possível visitar o rooftop do edifício, a sua loja e outras salas que a compõem. O único lugar cuja entrada é paga é a exposição permanente que mostra a evolução da música húngara e que ocorre no piso -2 do edifício.
Também a poucos metros do edifício existe um local onde é possível fazermos a nossa própria música. Trata-se de um parque que foi criado com a funcionalidade de se usarem os diversos instrumentos ou objetos que lá existem para criar sons, como tubos, bancos, etc.. Aproveitando assim ainda mais o momento.